terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Falta de exposição ao sol pode ocasionar diversos tipos de câncer





Especialista afirma que banho de sol diário evita carência de vitamina D, a vitamina do sol. Carência de vitamina D vem sendo associada ao câncer de mama, de próstata e de intestino grosso.

Quando a radiação solar atinge a pele ela estimula a produção de vitamina D e esta vitamina ajuda na absorção do cálcio, por isso, fortalece os ossos.
Será que existe um lugar melhor que o Brasil para fazer contato com a natureza? Que imensidão de praias no nosso litoral!
E quanto verde, hein? Somos o segundo país do planeta em extensão de florestas. Só perdemos para a Rússia! E um dos mais ensolarados do mundo. Mas até que ponto aproveitamos tudo isso que a mãe natureza oferece?

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Para quem mora na cidade, não é nada fácil! Sai de casa, entra em um carro ou pega um ônibus, e depois vai para o trabalho. Repete esta rotina a semana inteira.
As pessoas estão cada vez mais confinadas.
Vida ao ar livre? Difícil. Mas quando você consegue parar em um lugar assim, não sente um alívio? É por isso que os cientistas estão cada vez mais interessados em investigar uma ideia simples, mas tão simples que muita gente nem acredita: Fazer contato com a natureza é necessário para manter a saúde. Ela é mesmo poderosa!
“Ela nos traz este bem-estar porque ela nos conecta com aquilo que nós somos, nós também somos natureza. Embora estejamos nos esquecendo disso”, diz a Ariane Kuhnen, professora de psicologia ambiental – UFSC .
“A vida depende do sol. O ser humano achou que o sol passou a ser dispensável de um tempo pra cá. Ele passou a ser o vilão da nossa história. Uma das qualidades do sol pra gente é em relação à vitamina D”, explica Marise Lazaretti Castro, chefe do ambulatório de osteoporose e endocrinologia - Unifesp.
No caso da professora Regina, durante a semana, tem dias que ela trabalha de manhã, de tarde e à noite. Não dá tempo sequer para tomar um solzinho.
Regina dá aula em uma universidade há quatro décadas. Além disso, é advogada. Vive com uma agenda cheia. Mas há dois anos "sentiu na pele" a falta do contato com a natureza, descobriu que estava com deficiência de vitamina D. A vitamina do sol.
“Quando você começa a perceber o envelhecimento e ver o que está faltando para você, no seu organismo para ter uma melhor vida, o que acontece então? Aí é que você se desperta! A falta que o sol lhe faz, a falta que a natureza lhe faz”, diz Regina Villas Boas, professora.
Regina veio parar no Ambulatório de Doenças Osteometabólicas da Unifesp de São Paulo. No consultório ela perdeu o medo do sol e descobriu como prevenir a carência da vitamina D.
“Ficar 15 a 20 minutos por dia e tem que ser o sol forte, o sol das 10 às 15, não precisa ser o sol do meio dia, o sol do meio dia é muito forte”, afirma a doutoura Marise.
Regina: Mas esse tempo que a senhora está dizendo de 15 a 20 minutos não seria suficiente também para provocar um câncer de pele?
Doutoura Marise: Não. 15 a 20 minutos por dia, o risco é muito baixo. É claro que as pessoas que tem já um risco aumentado ou já tiveram câncer de pele, estas não devem tomar sol. E aquele câncer grave de pele que é melanoma não tem nada a ver com a exposição solar.
Dona Maria da Penha estava com 65 anos de idade quando descobriu que estava com carência de vitamina D. Foi quando ela começou a caminhar ao ar livre, pegou gosto, a caminhada virou o que?
“Virou corrida! Me tornei uma atleta!”, afirma dona Maria da Penha Lorenzano, aposentada.
“Eu posso estar em uma corrida com vários colegas, mas eu não quero saber nem quem está na frente, nem quem está atrás. É eu e a natureza”, conta dona Maria da Penha.
Ela, a natureza, o astro rei. Todos juntos no combate a uma doença comum: dona Maria da Penha tem osteoporose.
Quando a radiação solar atinge a pele ela estimula a produção de vitamina D e esta vitamina ajuda na absorção do cálcio, por isso, fortalece os ossos.
Muito além dos ossos, a novidade é que a vitamina D traz benefícios para o corpo inteiro. A falta dela é um perigo:
“Existem várias outras consequências que vem sendo associadas a carência da vitamina D, por exemplo, alguns tipos de câncer: Câncer de mama, de próstata, de intestino grosso”, explica a doutora Marise.
E tem mais:
- Risco de doenças do coração
- Infecções em geral, diabetes e doenças autoimunes como artrite, lupus e esclerose múltipla.
Globo Repórter: Quem deve fazer exame de vitamina D?
Sérgio Maeda, endocrinologista: As pessoas que tem osteoporose, as pessoas que tem mais de 70 anos e as pessoas que não gostam de tomar sol ou tem alguma limitação de exposição devem fazer o exame.
Este é o maior grupo de risco para deficiência de vitamina D, um problema que não tem idade. Na infância, a falta de vitamina D provoca o raquitismo. Aliás, uma pesquisa da Unifesp de São Paulo revelou um dado assustador: a falta de vitamina D atinge 40% dos brasileiros mais jovens - com até 30 anos.
“No passado, quando a gente brincava no parque a gente se expunha ao sol sem qualquer tipo de proteção e hoje as pessoas acabam tendo mais medo do sol, acabam saindo e utilizando protetor solar. Existem pessoas que preferem ficar mais dentro de casa na frente do computador e isso tudo limita a exposição do sol”, explica a o doutor Sérgio.
Todo mundo tem que tomar um pouquinho de sol. Mas negros e gordinhos precisam se expor pelo menos o dobro do tempo de uma pessoa magra com a pele branca. É que a melanina, que dá cor a pele, também funciona como um protetor solar natural e reduz a ação dos raios ultravioleta. Quanto a gordura, alguns especialistas dizem que ela "sequestra" a vitamina D, por isso os gordinhos também precisam de mais sol.
E tem ainda a questão do envelhecimento. Quando as pessoas passam dos 70 anos fica bem mais difícil produzir a vitamina D na pele. Por isso, a partir desta idade muita gente precisa de suplemento em cápsulas ou gotas.
Globo Repórter: Através da alimentação, nós podemos suprir a carência de vitamina D?
Doutor Sérgio: Não, porque a quantidade de vitamina D presente nos alimentos é muito pequena. Realmente a gente precisa daquilo que a pele produz a partir da exposição ao sol”, conta o doutor Sérgio.
Regina decidiu aproveitar o sol e deu um jeito de encontrar tempo para isso. Dirige cada vez menos. Vai trabalhar de carona. Desce algumas quadras antes e segue a pé.
“Não há desculpa para falta de tempo, nós é que fazemos o nosso tempo. O tempo é de cada um. Cada um faz o seu tempo. Se cada um não fizer o seu tempo não se organiza para as suas prioridades. A minha prioridade agora é sobretudo a saúde”, diz a professora Regina.
Também aproveita o sol nos minutinhos que tem para o almoço e caminha até o restaurante. Mudar não é fácil, mas Regina caprichou, agora ela faz exercícios ao ar livre. Filtro solar? A princípio, só no rosto. Lição que aprendeu lá no consultório.
“A Regina tem que tomar sol com os braços e as pernas de preferência expostos, sem por filtro solar, uns 15 a 20 minutos por dia, depois você pode passar um filtro solar. No rosto tendo filtro, o resto do corpo é que não tem que ter durante a exposição solar”, orienta a doutora Marise.
O tempo de exposição ao sol também varia de acordo com o lugar onde vivemos.
Na pesquisa feita pela Unifesp, com duas mil mulheres, em seis capitais, do Nordeste ao Sul do Brasil, o resultado é curioso:
A carência de vitamina D aumenta à medida que nós descemos no mapa. Isso acontece porque os raios ultravioletas vão perdendo força em direção ao Sul do país. Mesmo assim, no Recife, onde a radiação é maior 56% das mulheres acima de 60 anos tem carência de vitamina D. O caso mais grave está em Porto Alegre, lá este número chega a 83%.
Globo Repórter: Se a indicação média é de 15, 20 minutos - no Sul do país seria de quanto?
Doutor Sérgio: Teria que ser pelo menos o dobro, para formar a mesma quantidade, tento em vista que tem menos radiação nessa região.
Globo Repórter: Meia hora?
Doutor Sérgio: Meia hora. O dobro!
A necessidade de sol aproximou Maria da Penha e Regina da natureza. Este contato despertou um bem-estar tão grande. Que hoje elas não dispensam mais os momentos ao ar livre.
“Quando eu saio pra trabalhar e abro a janela com este sol maravilhoso, eu saio com muito mais alegria, com muito mais disposição e parece que o dia eu enfrento melhor. Eu enfrento com claridade, luzes, né?”, diz Regina.

“O que resume isso é que vitamina D em níveis ótimos está associada a mais saúde, então é isso que a gente conclui desses estudos, vitamina D e saúde caminham juntos”, explica a doutora Marise.

Fonte:  Globo Repórter



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