Ele ocupa a 2ª posição entre os tipos de câncer que mais matam os homens
Ainda é importante incentivar os homens de meia idade a
deixarem o preconceito de lado e fazerem exames para descobrir possíveis
anormalidades na próstata (glândula localizada perto da bexiga e que envolve a
uretra).O câncer aparece sem dar sinais e, de acordo com o Instituto Nacional
de Câncer (INCA/MS), ocupa a segunda posição entre os tipos de câncer que mais
matam a população masculina, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.
"Por ser uma doença que não apresenta sintomas em
muitos casos, a recomendação é que homens com mais de 45 anos façam os exames
de rotina anualmente", alerta o urologista e diretor da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU), André Cavalcanti.
A experiência do biólogo José Guimarães Gomes, de 57 anos,
se diferenciou da maioria dos casos. "Eu já fazia os exames regularmente,
mas fiquei uns dois anos sem ir ao urologista. Neste intervalo, comecei a notar
que minha ejaculação estava falhando e quando vinha, era bem pouca", conta
sobre os primeiros sintomas do câncer.
O diretor da SBU faz uma ressalva para homens que já tenham
este tipo de doença no histórico familiar e também para os negros. "Por
causa do fator genético, os negros têm chances de desenvolver a doença em um
grau mais avançado", explica. Para os que se encaixam nestes dois últimos
perfis, os exames anuais devem ser feitos a partir dos 40 anos.
Apesar de não existirem métodos preventivos, quanto antes o
diagnóstico for feito, mais chance de cura tem o paciente e menos agressivos
são os tratamentos. Os exames de rotina são o exame digital da próstata (mais
conhecido como toque retal) e o associado à dosagem de uma proteína chamada
PSA. No primeiro, o médico consegue apalpar a próstata através do reto e
verificar eventuais alterações no tamanho e consistência da glândula. Já a
dosagem é feita a partir de um exame de sangue: se a taxa da proteína estiver elevada,
é mais um indício da presença do tumor.
Porém, a elevação da quantidade de PSA pode ter causa
benigna. Sendo assim, a constatação do câncer não pode ser feita apenas com o
exame de sangue. "Caso sejam notadas quaisquer alterações nestas duas
análises, o paciente deve se submeter à biópsia de próstata", afirma o
urologista.
Como tratar?
Os tipos de tratamento variam de acordo com o grau do câncer
e com a idade do paciente. Segundo André, casos em que o câncer ainda não se
espalhou por outros órgãos, e que a expectativa de vida do homem é de mais de
10 anos, recorre-se à prostatectomia radical. A cirurgia consiste na retirada
total da próstata e dos tecidos linfáticos que a envolvem, podendo acarretar em
disfunção erétil e incontinência urinária. "As duas seqüelas apresentam
estatísticas bem variáveis, de acordo com o estágio em que o tumor se
encontrava e com a faixa etária do paciente. Mas, em geral, a incontinência
urinária acomete menos de 10% dos homens, enquanto a disfunção erétil não chega
a atingir 30% dos pacientes", tranqüiliza o urologista.
Jorge Hallak, urologista do Hospital das Clínicas, diz que é
importante lembrar que alguns co-fatores aumentam as chances do paciente sofrer
com a disfunção erétil, depois do tratamento. "Ou seja, não só o
tratamento contra o câncer é responsável pela disfunção, como muitos pacientes
pensam. A somatória de fatores como idade, hipertensão, diabetes, colesterol
elevado e obesidade, por exemplo, resultam na incidência do
problema".Ainda falando da retirada total da próstata, Cavalcanti afirma
que a recuperação da cirurgia é rápida, já que os pacientes têm alta em, no
máximo, três dias. Em casa, os cuidados resumem-se em passar de uma a três
semanas com uma sonda. O homem pode voltar às atividades rotineiras, depois de
retirar a sonda, somando 30 dias para a recuperação total.
Quanto à atividade sexual, os próprios pacientes contam que
ela se normaliza depois de um ano, em média. "Mas, enquanto a recuperação
não era total, meu médico recomendou o uso de medicamentos que possibilitavam a
ereção. Hoje em dia, como não tive nenhuma seqüela, tenho uma vida sexual que
considero boa, adequada para a minha idade", diz o biólogo que passou pela
cirurgia de retirada total da próstata em 2001.
Caso as seqüelas apareçam, existem tratamentos específicos
para cada uma. "Existem inúmeros tratamentos. Para a disfunção erétil, por
exemplo, pode-se recorrer às auto-injeções no pênis ou à prótese peniana. Entre
as séries de técnicas para tratar a incontinência urinária, o esfíncter
artificial se destaca, apesar de ser um dos métodos mais caros", enumera o
diretor da SBU.
A radioterapia entra como método alternativo para pacientes
com alto risco cirúrgico ou que preferem driblar a cirurgia. Porém, o
urologista do Hospital das Clínicas ressalta que o tratamento tem eficácia
menor, se comparado com a retirada total da próstata. Mais um contratempo desta
medida terapêutica é que o homem pode sofrer com efeitos colaterais, como
irritação do colo e do reto e de tecidos próximos à próstata. "Como as
radiações têm atuação local, os sintomas durante o tratamento se limitam à
região da glândula", explica.
O especialista da SBU, André Cavalcanti cita ainda que
"a radioterapia também pode ser recorrida quando nota-se que a quantidade
de PSA voltou a aumentar. Nesses casos, ela funciona como tratamento
complementar à cirurgia".
Quando a doença já está mais avançada, o especialista
normalmente lança mão de hormônios que bloqueiam as elevações dos níveis de
testosterona. "O câncer de próstata se alimenta de testosterona. Com o
bloqueio hormonal, a tendência é que o tumor murche ou pare de crescer",
explica André. A cirurgia também pode ser recomendada nestes casos, para
retirada dos tecidos que circundam a próstata. O uso de medicamentos entra em
cena como mais uma linha de tratamento, levando em conta a situação de cada
paciente.
Depois do tratamento e da esperada cura, o urologista afirma
que é importante fazer um acompanhamento constante dos níveis de PSA. "No
primeiro ano pós-tratamento, é preciso verificar as taxas a cada três meses.
Essa freqüência vai aumentando com o tempo, mas é importante ver o paciente de
seis em seis meses".
De acordo com o relato do biólogo José, que se curou do
câncer há cinco anos, os exames pós-operatórios são partes fundamentais do
tratamento do câncer. "Até agora, está tudo bem comigo e tenho uma ótima
qualidade de vida. Mas, em meus últimos exames, parece ter sido detectado o
restante de uma célula cancerígena. Caso a investigação seja confirmada, a
medida terapêutica adotada serão os hormônios", fala.
Outras doenças da próstata
Apesar de só o câncer ser considerado maligno, algumas
outras doenças que atingem a próstata também causam transtornos ao paciente,
diminuindo sua qualidade de vida ou mesmo levando à morte, se não forem
tratadas devidamente.
A prostatite aguda é um dos casos que pode levar à morte. Ao
apresentar este quadro infeccioso, "o homem pode entrar em estado febril,
ter retenção urinária, sentir dores na região do períneo e ao urinar",
cita os sintomas, o especialista da SBU. Para solucionar o problema, o paciente
precisa ser internado para esvaziar a bexiga com um método de pulsão pela pele.
"Isso evita que um cateter passe pela uretra, inflamando-a ainda
mais", diz o urologista André Cavalcanti. Além do esvaziamento da bexiga,
o médico receita alguns antibióticos para acabar com a inflamação.
Outro tipo de prostatite é a crônica. Caracterizada por um
quadro mais prolongado da doença (exigindo que o tratamento também seja), os
sintomas da prostatite crônica são mais suaves, como desconforto no períneo,
testículos e na região lombar. Nestes casos, a internação é dispensável, sendo
necessário apenas o uso de medicamentos.
Quando a próstata aumenta de tamanho e passa a comprimir a
bexiga, o homem sofre de hiperplasia. Os principais sintomas são dificuldade em
urinar, com aumento da freqüência e, muitas vezes, com urgência miccional.
"Em todas as situações, o exame prostático não só desvenda o problema como
também indica o tratamento ideal, já que consegue verificar o grau da
doença", afirma o urologista. Geralmente, a hiperplasia é tratada com
inibidores hormonais que relaxam a próstata ou diminuem seu tamanho. Outros
medicamentos também são indicados para diminuir as dores. Caso os tratamentos
medicamentosos não funcionem, o especialista recorre à cirurgia, em que a parte
aumentada da próstata é retirada. "Os riscos são menores que os da retirada
total da próstata, apresentando probabilidade de sequelas, como disfunção
erétil e incontinência urinária, de apenas 3%", completa.
Fonte: Minha Vida/saúde
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