Em 2012, o câncer de tireóide figurou entre os cinco
primeiros colocados no ranking dos tumores mais comuns entre o sexo feminino,
segundo o Instituto Nacional de Câncer, o Inca, no Rio de Janeiro. Quando esse
tipo de câncer afeta a produção de hormônios na tireóide, o metabolismo todo
sente o baque. Se os níveis caem, o hipotireoidismo - disfunção mais comum - se
impõe, provocando perda do desejo sexual, ganho de peso e outros sintomas. Já
quando há hormônios demais, o hipertireoidismo deixa a pessoa irritadiça, com
taquicardia e até depressão.
A questão é que continua difícil indicar um grupo que tenha
maior predisposição a desenvolver células cancerosas na glândula. Além do
histórico familiar e de nódulos aumentados na região, pouco se sabe sobre
outros promotores da enfermidade. "Consideramos como um dos fatores
decisivos a exposição à radiação, geralmente devido a tratamentos anteriores à
base de radioterapia no pescoço", conta o endocrinologista Adriano Namo
Cury, do Hospital Samaritano, em
São Paulo.
Menos ou mais TSH
Recentemente, cientistas da Universidade da Islândia
descobriram uma associação entre baixos níveis do hormônio TSH, espécie de
combustível da tireóide, e o risco de nódulos malignos na glândula. Eles
analisaram o material genético de um grande grupo de cidadãos islandeses e
concluíram que os que possuíam certos cromossomos estavam até 30% mais
suscetíveis a desenvolver a doença. E esses mesmos cromossomos eram ligados ao
déficit do TSH.
O resultado, no entanto, é controverso. "O que se sabe,
na verdade, é o oposto. Indivíduos com excesso dessa substância teoricamente
estariam mais sujeitos a apresentar câncer por terem uma carga extra de hormônios
superestimulando a tireóide", contrapõe o endocrinologista Hans Graf, da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Prevalência é maior nas mulheres
Se por um lado ainda é cedo para fazer a associação entre o
TSH baixo e câncer, por outro o mapeamento genético tem potencial para
responder uma outra questão. "Esses estudos são recentes, mas podem se
transformar em descobertas que finalmente esclareçam por que a prevalência é
maior nas mulheres", acredita o oncologista Gilberto Castro, do Instituto
do Câncer do Estado de São Paulo.
Além do genoma, joga contra o time das mulheres o excesso de
estrogênio, principal hormônio no organismo delas. "Ele estimula a
proliferação das células e pode favorecer o surgimento de tumores",
analisa Graf.
Estilo de vida
Já outra pesquisa aponta na direção de um fator bem
conhecido por fomentar quase todos os tipos de câncer: o estilo de vida .
Embora seja sabido que cigarro e má alimentação estão diretamente relacionados
à origem e ao crescimento de células cancerosas, agora, pela primeira vez,
associou-se um estilo de vida repleto de maus hábitos aos tumores
especificamente de tireóide. O responsável pelo feito é um grupo de cientistas
chineses do Hospital de Mianyang. Eles publicaram no importante periódico
americano Endocrine-Related Cancer um trabalho que focou pacientes com a doença
e descobriu que eles apresentavam um índice muito alto de radicais livres no
organismo. E tanto o cigarro quanto a má alimentação aumentam a quantidade de
radicais livres no organismo.
Exame de TSH
Enquanto os avanços da ciência não resultam em novos
consensos, os médicos têm algumas recomendações para prevenir o problema. Se
não há histórico familiar ou sintomas, o monitoramento da tireóide deve começar
aos 40 anos. "A partir daí, a cada cinco anos prescrevemos um exame que
mede o TSH e fazemos um exame clínico para verificar se há nódulos no
local", orienta Graf.
Autoexame
Ele ajuda a perceber se há caroços na região. Para
realizá-lo, basta posicionar-se em frente ao espelho, inclinar a cabeça
levemente para trás de modo a enxergar melhor o pescoço e, ao mesmo tempo,
tomar um gole d’água. Enquanto você engole, a glândula vai subir e descer - não
confunda com o pomo de adão - e, nesse momento, deve-se observar se há
gânglios. Mas atenção: "Nem todos os nódulos são malignos, e a quantidade
deles também não quer dizer que a pessoa necessariamente desenvolverá
câncer", explica o endocrinologista Renato Zilli, do Hospital e
Maternidade São Luiz, em
São Paulo.
E mais: se o temido diagnóstico chegar, as perspectivas de
vencer o mal são boas. "Os tumores ali evoluem lentamente e os índices de
cura são muito altos, mesmo quando há metástase", tranquiliza Castro.
Fonte: MdeMulher/ONCOGUIA
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