Imagine passar por um ano de tratamento de câncer de mama,
incluindo cirurgia, remoção de gânglios linfáticos, quimioterapia e
radioterapia. O seu corpo sente-se como se estivesse estado em guerra,
sob-bombardeamentos constantes. Terminada esta fase, está na hora de recomeçar
a sua vida e iniciar uma dieta restrita e um programa de exercícios. Aí então,
você descobre que está com linfedema.
O que é um Linfedema?
O linfedema é a retenção localizada de fluidos, provocada
por um bloqueamento do sistema linfático. No caso de pacientes com câncer de
mama, o linfedema causa inchaço nos tecidos moles do braço, mão, tronco e peito
no lado da cirurgia. Mulheres que sofreram dissecação axilar ou radiação estão
particularmente em risco.
Os sintomas incluem sensação de peso, dormência, fadiga e,
algumas vezes, dor. As mulheres afetadas têm movimentos limitados dos braços e
diminuição da força muscular, causando restrições nas suas atividades. O braço
mais duro à medida que o linfedema piora.
O linfedema pode desenvolver-se meses ou anos após o
tratamento de câncer, podendo ser provocado por uma infecção, movimentos
repetitivos, viagens de avião, picadas de insetos, massagens vigorosas ou
obesidade. Obviamente que prevenir um linfedema ou detectá-lo precocemente é
melhor do que tratá-lo em estado avançado.
O Papel do Exercício Físico
Como é que o exercício pode fazer a diferença? Ao contrário
do sistema circulatório, o sistema linfático não possui um bombeamento central;
ele é estimulado pelas mudanças de pressão das contrações musculares ou da
respiração profunda. A respiração profunda melhora o bombeamento no ducto
torácico; as contrações musculares realizadas em uma sequência específica
(geralmente a partir das extremidades em direção ao tronco) pode aumentar o
retorno linfático. Além disso, podem ser feitos exercícios para alongar os
músculos peitorais maiores e trapézio, e fortalecer os músculos do ombro.
Exercícios que enfatizam a respiração profunda e flexibilidade tais como a Yoga
e o Pilates, podem ser particularmente benéficos.
Aquecimento
Aquecimento adequado prepara o corpo para o exercício e abre
os canais linfáticos. O aquecimento pode incluir:
Respiração profunda.
Rotações do pescoço.
Protração e retração dos ombros (levar os ombros para frente
e para trás).
Rotação desenhando círculos com os ombros
Exercício Cardiovascular
É recomendado 20
a 30 minutos de exercício aeróbico, como caminhada ou
natação, de 3 a
5 vezes por semana.
Treino de Força
O treino de força na área afetada tem sido um assunto
controverso. Tente fazer os exercícios com calma e siga as instruções abaixo:
Sempre inicie com aquecimento antes de começar o treino de
força no braço afetado.
Observe a resposta ao exercício. Fique atenta a qualquer
inchaço na área, o qual poderá indicar que a carga ou o número de repetições
está muito alto, ajustando então o programa de acordo com essa resposta.
Use uma luva de compressão (geralmente prescrita pelo
fisioterapeuta).
Concentre-se nos músculos dos ombros e das costas, incluindo
o deltóide, serrátil anterior, trapézio, rombóides e os músculos
estabilizadores do ombro, chamados de manguito rotador, para otimizar o
fortalecimento do ombro e promover vias alternativas de drenagem linfática.
Trabalhe a região abdominal para facilitar o retorno do
fluxo linfático ao ducto torácico.
Para dar um descanso ao braço afetado, alterne os braços;
alterne também exercícios para o tronco superior e inferior ou treine em
circuito, incluindo tanto o treino cardiovascular como o treino de força.
Planeje um programa para 2 a 3 vezes na semana. Comece devagar e vá
progredindo gradualmente (ex. 1 série com carga de 1 kg no primeiro dia; 2 ou 3
séries com 1kg nos segundo e terceiro dias). Ao aumentar a carga, reduza o
número de séries.
Proceda da maneira usual para treinar o braço não afetado,
tronco, abdominais e pernas, a não ser que a reconstrução da mama tenha sido
feita utilizando o músculo reto do abdomem. Neste caso, consulte o seu médico
antes de começar qualquer exercício abdominal.
Inclua exercícios de Pilates, os quais enfatizam a postura e
respiração enquanto trabalham a região abdominal.
Flexibilidade
Exercícios de alongamento para os ombros, região axilar,
região do músculo peitoral e grande dorsal podem ajudar a alongar o tecido
cicatricial e diminuir o endurecimento axilar e a compressão do desfiladeiro
torácico, aumentando o fluxo linfático. Como o tecido cicatricial continua a se
formar durante 1 a
2 anos, os alongamentos devem ser feitos várias vezes ao dia, pelo menos
durante um ano após a cirurgia e, preferencialmente, deve tornar-se um hábito
de vida.
Minimize os Problemas enquanto Maximiza os Ganhos
O seu programa de exercícios deve ser baseado no seu
historial médico, preferências e nível de atividade. A progressão no exercício
deve ser feita devagar e com segurança, e sempre com o objetivo de recuperar a
forma física, função e resistência.
Tipos de Exercício de Flexibilidade
Os alongamentos devem ser feitos devagar. Deve-se expirar
durante a fase de esforço e manter a posição por 10 segundos, no início,
aumentando gradualmente para 30 segundos após algumas repetições. Estes
exercícios devem ser feitos de 5
a 10 vezes seguidas, várias vezes durante o dia.
Elevação do Ombro
Equipamento: bola ou bastão pequeno e leve.
Deite-se de costas com os joelhos dobrados, pés e costas
apoiadas firmemente no chão.
Segure a bola com ambas as mãos e inspire. Expire e
lentamente erga a bola acima da cabeça, mantendo os cotovelos estendidos.
Mantenha a posição até sentir desconforto, mas não dor.
Respire profundamente enquanto segura a bola na altura máxima. Vá gradualmente
alongando o braço afetado.
Alongamento com Bola
Equipamento: bola terapêutica.
Ajoelhe-se, com os quadris sobre os calcanhares, pernas
apoiadas contra o chão e com o peso do corpo nos pés.
Coloque as mãos em cima da bola, mantendo os cotovelos
estendidos e abdominais contraídos.
Lentamente role a bola para frente, com ambas as mãos para o
mais longe possível, e mantenha a posição, sentindo o alongamento.
Role a bola o mais longe possível para a direita e mantenha
a posição.
Role a bola o mais longe possível para a esquerda e mantenha
a posição.
Fonte: ONCOGUIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário