Por Ariane Donegati, filha de Jane e Julio
“O Noah apresentou um pouco de inchaço abdominal, então eu e
meu marido levamos ele ao pediatra para saber o que era. Ele concluiu que
provavelmente era uma doença comum em crianças e que melhoraria sozinha. Mas
passado duas semanas não tivemos melhoras, então o médico nos pediu para que
fizéssemos exames de sangue nele. No mesmo dia, o pediatra dele entrou em
contato com a equipe de oncologistas do Hospital Nossa Senhora das Graças e
tivemos de interná-lo imediatamente. Após dois dias saiu o exame confirmando
que o Noah tinha leucemia mieloide aguda”.
Camila Brito, mãe de Noah, narra como descobriu que seu
filho, na época completando dez meses, tinha leucemia. Hoje, Noah está com um
ano e cinco meses e passa por um tratamento com profissionais do Instituto
Pasquini e do Hospital Nossa Senhora das Graças. A mãe de primeira viagem criou
um blog para registrar diariamente a rotina dela e de seu marido, Caio, com o
filho.
Para a mãe, a maior dificuldade para concluir o diagnóstico
para os pais foi a ausência de outros sintomas, como o bebê apresentava apenas
o inchaço abdominal, os pais acreditavam que era algo pontual, na barriga.
“Quando o médico nos disse que o inchaço era no fígado e no baço ficamos um
pouco mais preocupados, mas não desconfiamos de câncer ou coisa parecida. Essa
ideia só passou pela nossa cabeça após saber o nível de leucócitos no sangue
dele”, conta.
Segundo a chefe do serviço de hematologia do Hemorio, Dra.
Claudia Máximo, mãe de Luiza, Daniel e Joana, os tipos de câncer mais
frequentes em crianças são as leucemias agudas (30%), os tumores de sistema
nervoso central (20%) e os linfomas (12%). Claudia afirma que atualmente não
existem marcadores celulares que possam identificar se a criança tem maior ou
menor chance de ter câncer. Por isso, é preciso ficar atento a alguns sintomas
como:
- anemia acompanhada de sangramentos;
- Manchas roxas frequentes;
- Dores de cabeça e vômitos ela manhã;
- Febre prolongada e sem causa aparente;
- Cansaço e perda de peso;
- Inchaço e massa abdominal anormal (com caroços);
- Dores nos membros;
- Brilho esbranquiçado nos olhos.
Em todos os casos, o pediatra é o médico que deve ser
procurado sempre que a criança apresentar sinais e sintomas persistentes e sem
explicações. “Os sintomas são diferentes para cada tipo de câncer, mas podemos
citar febre, sangramentos, manchas roxas, dor de cabeça, aumento do volume
abdominal, aparecimento de nódulos e massa abdominal palpável”, ressalta.
É importante saber que a maioria dos casos de câncer
infantil não tem qualquer relação com hereditariedade, ou seja, surgem em
decorrência das mutações que ocorrem após o nascimento.
Portal ajuda a encontrar serviços públicos de saúde
A hematologista ressalta que, como as causas do câncer
infantil não estão completamente estabelecidas, as recomendações para prevenir
a doença estão relacionadas a uma boa qualidade de vida, como uma boa
alimentação, prática de atividades físicas e um ambiente familiar harmônico.
Além disso, o uso de etanol por gestantes pode ser um fator de risco para o
câncer infantil. Para os casos de leucemias agudas, a exposição crônica a
benzeno, radiações ionizantes e quimioterapia prévia são fatores de risco já
estabelecidos.
Combate ao câncer infantil
Segundo a hematologista, as neoplasias mais comuns na
infância são muito agressivas, registrando uma taxa de duplicação das células
malignas bastante elevada. Por isso, é importante que o paciente seja tratado
precocemente.
Em busca de uma identificação rápida da doença, o Instituto
Desiderata – criado em 2003 junto com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa
Civil do Rio de Janeiro, mantem o Programa ‘Unidos pela Cura’, que tem como uma
das principais missões capacitar profissionais de saúde do SUS, principalmente
pediatras, para identificar precocemente a doença.
“A maioria dos cânceres infantis apresentam sintomas
parecidos. Por isso, quanto mais cedo houver o diagnóstico, mais eficaz será o
tratamento da doença, aumentando as possibilidades de cura para 80%”, recomenda
Dr. Fernando Werneck, chefe do setor de oncohematologia pediátrica no Hospital
dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, pai de Felipe, Juliana, Pedro
Antonio e Bárbara.
A TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com
Câncer, fundada em 1998 em parceria com o Hospital Santa Marcelina, em São Paulo , também
oferece tratamento gratuito a crianças e adolescentes com câncer. A associação
busca 100% da cura da doença, para isso é financiada pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) através do Hospital Santa Marcelina. A associação oferece um
tratamento multidisciplinar aos pacientes, preocupando-se com o desenvolvimento
social e cultural da criança atendida, além de estender os cuidados aos
familiares, com hospedagens, aulas de culinária e oficinas.
A mãe de Noah conta que, no Hospital Nossa Senhora das
Graças, além do cuidado natural com paciente e família, a criança recebe um
acompanhamento nutricional, psicológico e fisioterápico, garantindo todo o
suporte necessário para a criança e familiares.
Fonte: Pais e Filhos
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